Perdi a conta às vezes que as tuas mãos me ampararam as quedas...
Perdi a conta às vezes que os teus sorrisos fizeram nascer nos meus lábios a vontade de sorrir...
Perdi a conta às vezes que os teus olhos cúmplices me falaram num silêncio absoluto...
Perdi a conta aos versos do Pessoa e do Ary e às melodias do Sérgio e do Zeca que me ofereceste como quem oferece as estrelas...
Perdi a conta aos sonhos que fizeste nascer em mim, às palavras sabedoras com que me empurraste para a frente...
Perdi a conta aos momentos junto a ti que ficaram eternizados em mim...
Perdi a conta às emoções que uso para te descrever...
Perdi a conta às confissões que guardamos a cadeado dentro de nós...
Perdi a conta às vezes que ficaste na sombra para que eu ficasse na luz...
Não digas nada porque hoje é a minha vez de dizer-te tudo aquilo que deve ser dito... e se algum dia a voz me falhar, que fiquem gravadas estas palavras na história de que fazemos parte...
(Que se cale o vento, que se calem os ecos, que se calem as vozes que não chegam a lado nenhum...)
Hoje é a ti que ofereço estas linhas... companheiro do passar das horas, do passar dos anos, do virar das páginas da nossa história...
E que passem muitos mais horas e muitos mais anos... e que estejamos juntos para virar muitas mais páginas de história...
"a noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo, dormias lá no fundo
faltou-me o pé, senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámos
e então dissemos
aqui vivemos muitos anos"
Sérgio Godinho, A noite passada
segunda-feira, outubro 10, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário